”Eles não usam black-tie" situa-se numa favela carioca, nos anos 50, e tem como tema a greve, e ao lado da greve a peça tem como pano de fundo um debate sobre as grandes verdades eternas, reflexões universais sobre a nossa frágil condição humana, sobre os homens e seus conflitos.
E mais do que isso a peça é a história de um choque entre pai e filho com posições ideológicas e morais completamente opostas e divergentes, o que, por sinal, da a tônica dramática ao texto.
O pai, Otávio, operário de carreira, um sonhador, um idealista, leitor de autores socialistas e, ao mesmo tempo um revolucionário por convicção e consciente de suas lutas. Forte e corajoso entre os seus companheiros, experimentou várias lideranças, algumas prisões, com isso ganha destaque entre os seus transformando-se num dos cabeças do movimento grevista.
O filho,Tião, que, em razão das prisões do pai grevista , é criado praticamente , na cidade, longe do morro, com os padrinhos, sem conviver com esse mundo de luta e reivindicação da classe operária.
Hoje adulto e morando no morro com os pais, vive um dos maiores conflitos de sua vida. Em primeiro lugar não quer aderir à greve, pois acha que essa é uma luta inglória, sem maiores resultados para a classe. Em segundo lugar pretende se casar com Maria, moça simples, porém determinada e leal ao seu povo, e está esperando um filho seu. Desta forma, Tião está mais preocupado com o seu futuro do que com o a luta de seus companheiros, que sonham com melhores salários.
Para Tião, greve é algo utópico. Ele não tem tempo para esperar, precisa resolver seus problemas de imediato, ou seja, se casar.
É preciso esclarecer que Tiäo, ao contrário de seu amigo Jesuíno, malandro, fraco e oportunista , é um jovem corajoso, mesmo porque fura a greve sem medo dos companheiros, achando que está agindo corretamente. Por essa atitude, acaba perdendo a amizade de todos de seu grupo, restando apenas um colega da fábrica e João, irmão de Maria, um homem ponderado e maduro capaz de compreender a situação conflitante vivida pelo amigo Tião e ainda apoiar sua irmã neste momento difícil.
Na realidade, Tião não tem medo do confronto com o inimigo, o seu medo é outro, é o grande medo de toda a sociedade, o medo de ser pobre, por isso quer subir na vida e deixar para trás a condição difícil e miserável do morro, que, por sinal, é desafiada cotidianamente pela coragem e bravura de Romana, sua mãe, mulher de pulso e determinação e responsável pelo equilíbrio da casa e da família.
Eles não usam black-tie, que sempre obteve excepcional êxito onde quer que seja encenada, tendo ganhado vá;rios prêmios em sua versão cinematográ;fica, marcou o início do que pode ser chamado “o teatro novo brasileiro”.
A peça parte, sem dúvida, de uma visão de mundo romântica. Pressupõe uma série de valores bá;sicos, imutá;veis, através dos quais os problemas surgem, fazendo estourar conflitos em que os homens se debatem.
Por outro lado, a peça apresenta muitos aspectos da realidade brasileira, fornecendo considerá;vel material para reflexões. Os personagens, nascidos de contato direto com o ambiente, estão exemplarmente delineados. Principalmente Romana e Tião.
A introdução de uma temá;tica urbana, o conflito de classes, a atuação política de Otá;vio, o problema fundamental de Tião, são aspectos positivos que contribuem para o desenvolvimento da nova dramaturgia brasileira.
Eles não usam black-tie foi montada pela primeira vez em 1958, no Teatro de Arena de São Paulo. Esteve, em seguida, um ano em cartaz no Rio de Janeiro e já; apresentada em diversas capitais e cidades do Brasil, tendo obtido êxito também na Argentina, no Uruguai, no Chile e na Alemanha.
Embora sua temá;tica seja profundamente brasileira, Eles não usam black-tie possui uma universalidade de tal forma abrangente que o filme baseado na peça tem sido literalmente aplaudido onde quer que seja exibido. Sua narrativa, muito no estilo do folhetim, consegue se comunicar com qualquer tipo de platéia, transmitindo esse compromisso entre a clareza e a profundidade, entre a razão e o sentimento, essa tensão que se realiza numa síntese artística.
A experiência vivida por gente que sofre os conflitos, as contradições, a recuperação de um espaço de participação política, o aumento do desemprego, o achatamento dos salá;rios, o autoritarismo dentro das fá;bricas, a revolta dos jovens – enfim, todos esses problemas que estão aí, à nossa volta, são analisados na peça. Da mesma forma são discutidos os conflitos familiares, as contradições cotidianas, o problema da mulher através da reação intuitiva de Maria ou do comportamento de Romana.
A chave para o grande sucesso de Eles não usam black-tie está; na emoção que provoca no espectador e no leitor.
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”Eles não usam black-tie" situa-se numa favela carioca, nos anos 50, e tem como tema a greve, e ao lado da greve a peça tem como pano de fundo um debate sobre as grandes verdades eternas, reflexões universais sobre a nossa frágil condição humana, sobre os homens e seus conflitos.
E mais do que isso a peça é a história de um choque entre pai e filho com posições ideológicas e morais completamente opostas e divergentes, o que, por sinal, da a tônica dramática ao texto.
O pai, Otávio, operário de carreira, um sonhador, um idealista, leitor de autores socialistas e, ao mesmo tempo um revolucionário por convicção e consciente de suas lutas. Forte e corajoso entre os seus companheiros, experimentou várias lideranças, algumas prisões, com isso ganha destaque entre os seus transformando-se num dos cabeças do movimento grevista.
O filho,Tião, que, em razão das prisões do pai grevista , é criado praticamente , na cidade, longe do morro, com os padrinhos, sem conviver com esse mundo de luta e reivindicação da classe operária.
Hoje adulto e morando no morro com os pais, vive um dos maiores conflitos de sua vida. Em primeiro lugar não quer aderir à greve, pois acha que essa é uma luta inglória, sem maiores resultados para a classe. Em segundo lugar pretende se casar com Maria, moça simples, porém determinada e leal ao seu povo, e está esperando um filho seu. Desta forma, Tião está mais preocupado com o seu futuro do que com o a luta de seus companheiros, que sonham com melhores salários.
Para Tião, greve é algo utópico. Ele não tem tempo para esperar, precisa resolver seus problemas de imediato, ou seja, se casar.
É preciso esclarecer que Tiäo, ao contrário de seu amigo Jesuíno, malandro, fraco e oportunista , é um jovem corajoso, mesmo porque fura a greve sem medo dos companheiros, achando que está agindo corretamente. Por essa atitude, acaba perdendo a amizade de todos de seu grupo, restando apenas um colega da fábrica e João, irmão de Maria, um homem ponderado e maduro capaz de compreender a situação conflitante vivida pelo amigo Tião e ainda apoiar sua irmã neste momento difícil.
Na realidade, Tião não tem medo do confronto com o inimigo, o seu medo é outro, é o grande medo de toda a sociedade, o medo de ser pobre, por isso quer subir na vida e deixar para trás a condição difícil e miserável do morro, que, por sinal, é desafiada cotidianamente pela coragem e bravura de Romana, sua mãe, mulher de pulso e determinação e responsável pelo equilíbrio da casa e da família.
Eles não usam black-tie, que sempre obteve excepcional êxito onde quer que seja encenada, tendo ganhado vá;rios prêmios em sua versão cinematográ;fica, marcou o início do que pode ser chamado “o teatro novo brasileiro”.
A peça parte, sem dúvida, de uma visão de mundo romântica. Pressupõe uma série de valores bá;sicos, imutá;veis, através dos quais os problemas surgem, fazendo estourar conflitos em que os homens se debatem.
Por outro lado, a peça apresenta muitos aspectos da realidade brasileira, fornecendo considerá;vel material para reflexões. Os personagens, nascidos de contato direto com o ambiente, estão exemplarmente delineados. Principalmente Romana e Tião.
A introdução de uma temá;tica urbana, o conflito de classes, a atuação política de Otá;vio, o problema fundamental de Tião, são aspectos positivos que contribuem para o desenvolvimento da nova dramaturgia brasileira.
Eles não usam black-tie foi montada pela primeira vez em 1958, no Teatro de Arena de São Paulo. Esteve, em seguida, um ano em cartaz no Rio de Janeiro e já; apresentada em diversas capitais e cidades do Brasil, tendo obtido êxito também na Argentina, no Uruguai, no Chile e na Alemanha.
Embora sua temá;tica seja profundamente brasileira, Eles não usam black-tie possui uma universalidade de tal forma abrangente que o filme baseado na peça tem sido literalmente aplaudido onde quer que seja exibido. Sua narrativa, muito no estilo do folhetim, consegue se comunicar com qualquer tipo de platéia, transmitindo esse compromisso entre a clareza e a profundidade, entre a razão e o sentimento, essa tensão que se realiza numa síntese artística.
A experiência vivida por gente que sofre os conflitos, as contradições, a recuperação de um espaço de participação política, o aumento do desemprego, o achatamento dos salá;rios, o autoritarismo dentro das fá;bricas, a revolta dos jovens – enfim, todos esses problemas que estão aí, à nossa volta, são analisados na peça. Da mesma forma são discutidos os conflitos familiares, as contradições cotidianas, o problema da mulher através da reação intuitiva de Maria ou do comportamento de Romana.
A chave para o grande sucesso de Eles não usam black-tie está; na emoção que provoca no espectador e no leitor.
Fonte: Editora Record
Drica Coringa
http://pt.scribd.com/doc/21969598/Eles-nao-usam-bl...