O soneto "A Ideia", de Augusto dos Anjos é organizado em versos decassílabos, com esquema rímico (esquema de rimas) mostrando rimas interpoladas ou intercaladas (em que o primeiro verso rima com o quarto, e o segundo com o terceiro) nas duas primeiras estrofes ou quartetos, com padrão geral do tipo ABBA ABBA CCD EED; as rimas são também externas (quanto à posição no verso, no caso de externa - Quando a rima aparece ao final do verso), ricas (Quando a rima acontece entre palavras de classes gramaticais diferentes) na primeira estrofe e rimas perfeitas quanto à sonoridade.
O tema do poema "A Ideia" trata da aparente impossibilidade de perfeita comunicação do que se passa no mundo interior, o descompasso entre o que é criado no psíquico e sua externação e do esforço (segundo o poeta, em vão) para que as qualidades do ser humano a partir de sua materialidade cheguem a se exteriorizar na língua, fragmento menor dessa tentativa de expressividade do homem.
A métrica rígida, a cadência musical dos versos e a preocupação filosófica fundiram-se ao singular vocabulário extraído da área científica para fazer do poema uma criação de grande densidade imagética e alta carga lírica, perscrutando as possibilidades e impossibilidades do ser, senhor do mundo material e natural e criador de outras dimensões no universo psíquico mas, segundo a visão pessimista do excelente poeta, preso, escravizado às suas limitações de ordem física como o rigor das formas restringe as teoricamente ilimitadas fronteiras da criação num poema que busca a superação de tais limites deflagrando a angústia existencial no(s) mundo(s) da(s) ideia(s).
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A Idéia - Augusto dos Anjos
De onde ela vem?! De que matéria bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?!
Vem da psicogenética e alta luta
Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegrações maravilhosas,
Delibera, e depois, quer e executa!
Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas do laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica ...
Quebra a força centrípeta que a amarra,
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No mulambo da língua paralítica.
O soneto "A Ideia", de Augusto dos Anjos é organizado em versos decassílabos, com esquema rímico (esquema de rimas) mostrando rimas interpoladas ou intercaladas (em que o primeiro verso rima com o quarto, e o segundo com o terceiro) nas duas primeiras estrofes ou quartetos, com padrão geral do tipo ABBA ABBA CCD EED; as rimas são também externas (quanto à posição no verso, no caso de externa - Quando a rima aparece ao final do verso), ricas (Quando a rima acontece entre palavras de classes gramaticais diferentes) na primeira estrofe e rimas perfeitas quanto à sonoridade.
O tema do poema "A Ideia" trata da aparente impossibilidade de perfeita comunicação do que se passa no mundo interior, o descompasso entre o que é criado no psíquico e sua externação e do esforço (segundo o poeta, em vão) para que as qualidades do ser humano a partir de sua materialidade cheguem a se exteriorizar na língua, fragmento menor dessa tentativa de expressividade do homem.
A métrica rígida, a cadência musical dos versos e a preocupação filosófica fundiram-se ao singular vocabulário extraído da área científica para fazer do poema uma criação de grande densidade imagética e alta carga lírica, perscrutando as possibilidades e impossibilidades do ser, senhor do mundo material e natural e criador de outras dimensões no universo psíquico mas, segundo a visão pessimista do excelente poeta, preso, escravizado às suas limitações de ordem física como o rigor das formas restringe as teoricamente ilimitadas fronteiras da criação num poema que busca a superação de tais limites deflagrando a angústia existencial no(s) mundo(s) da(s) ideia(s).