Em grego, Eros significa desejo incoercível dos sentidos. Personificado, é o deus do amor. O mais belo entre os deuses imortais, segundo Hesíodo, Eros dilacera os membros e transtorna o juízo dos deuses e homens. Dotado, como não poderia deixar de ser, de uma natureza vária e mutável, o mito do deus do amor evoluiu muito, desde a era arcaica até a época alexandrina e romana, isto é, do século IX A.E.C. ao século VI E.C. Nas mais antigas teogonias, como se viu em Hesíodo, Eros nasceu do Caos, ao mesmo tempo em que Geia e Tártaro. Numa variante da cosmogonia órfica, o Caos e Nix (a Noite) estão na origem do mundo: Nix põe um ovo, de que nasce Eros, enquanto Urano e Geia se formam das duas metades da casca partida. Eros, no entanto, apesar de suas múltiplas genealogias, permanecerá sempre, mesmo à época alexandrina, a força fundamental do mundo. Garante não apenas a continuidade das espécies, mas a coesão interna do cosmo. Foi exatamente sobre este tema que se desenvolvem inúmeras especulações de poetas, filósofos e mitólogos. Para Platão, no Banquete, pelos lábios da sacerdotisa Diotima, Eros é um demônio1, quer dizer, um intermediário entre os deuses e os homens e, como o deus do Amor está a meia distância entre uns e outros, ele preenche o vazio, tornando-se, assim, o elo que une o Todo a si mesmo. Foi contra a tendência generalizada de considerar Eros como um grande deus que o filósofo da Academia lhe atribuiu nova genealogia. Consoante Diotima, Eros foi concebido da união de Póros (Expediente) e de Penía (Pobreza), no Jardim dos Deuses, após um grande banquete, em que se celebrava o nascimento de Afrodite.//
EROS P/ PRÉ SOCRÁTICOS
Ensinavam que no princípio existiu o Caos e a Noite. O "Chãos" devemos compreendê-lo literalmente como o vácuo abissal ou o precipício. A Noite gerou um ôvo, o ôvo cósmico, donde nasceu o amor (Eros) alado. "E este, consorciado com o abismo hiante, alado e noturno, no vasto Tártaro, deu origem ao nosso gênero e o trouxe fora, para a luz. Não havia o gênero dos mortais, antes de ser reduzido à unidade pelo amor; quando, porém, êle uniu uma parte com outra, surgiu o Céu, e o Oceano, e a Terra, e o gênero imortal de todos os deuses". Segundo uma fonte mais recente, a origem primitiva do Cosmos foi um dragão com cabeça de touro e de leão: no meio, porém, tinha o rosto de um deus, e nos ombros, asas. Ê conhecido como o deus do Tempo eternamente jovem. O dragão produziu uma tríplice seminação: o Éter úmido, o Abismo ilimitado e hiante e a nebulosa Escuridão; e além disso, de novo, um ôvo cósmico.
EROS PARA PLATÃO
Eros segundo Platão
"Pois que Eros é filho de Pínia (a Pobreza) e Poros (o Expediente), eis qual é a sua condição.
É sempre pobre, não é de maneira alguma delicado e belo como geralmente se crê; mas sujo, hirsuto, descalço, sem teto. Deita-se sempre por terra e não possui nada para cobrir-se, descansa dormindo ao ar livre sob as estrelas, nos caminhos e junto às portas. Enfim, mostra claramente a natureza da sua mãe, andando sempre acompanhado da pobreza. Ao invés, da parte do pai, Eros está sempre à espreita dos belos de corpo e de alma, com sagazes ardis. É corajoso, audaz e constante. Eros é um caçador temível, astucioso, sempre armando intrigas. Gosta de invenções e é cheio de expediente para consegui-las. É filósofo o tempo todo, encantador poderoso, fazedor de filtros, sofista. Sua natureza não é nem mortal nem imortal; no mesmo dia, em um momento, quando tudo lhe sucede bem, floresce bem vivo e, no momento seguinte, morre; mas depois retorna à vida, graças à natureza paterna. Mas tudo o que consegue pouco a pouco sempre lhe foge das mãos.
Em suma, Eros nunca é totalmente pobre nem totalmente rico. "
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Em grego, Eros significa desejo incoercível dos sentidos. Personificado, é o deus do amor. O mais belo entre os deuses imortais, segundo Hesíodo, Eros dilacera os membros e transtorna o juízo dos deuses e homens. Dotado, como não poderia deixar de ser, de uma natureza vária e mutável, o mito do deus do amor evoluiu muito, desde a era arcaica até a época alexandrina e romana, isto é, do século IX A.E.C. ao século VI E.C. Nas mais antigas teogonias, como se viu em Hesíodo, Eros nasceu do Caos, ao mesmo tempo em que Geia e Tártaro. Numa variante da cosmogonia órfica, o Caos e Nix (a Noite) estão na origem do mundo: Nix põe um ovo, de que nasce Eros, enquanto Urano e Geia se formam das duas metades da casca partida. Eros, no entanto, apesar de suas múltiplas genealogias, permanecerá sempre, mesmo à época alexandrina, a força fundamental do mundo. Garante não apenas a continuidade das espécies, mas a coesão interna do cosmo. Foi exatamente sobre este tema que se desenvolvem inúmeras especulações de poetas, filósofos e mitólogos. Para Platão, no Banquete, pelos lábios da sacerdotisa Diotima, Eros é um demônio1, quer dizer, um intermediário entre os deuses e os homens e, como o deus do Amor está a meia distância entre uns e outros, ele preenche o vazio, tornando-se, assim, o elo que une o Todo a si mesmo. Foi contra a tendência generalizada de considerar Eros como um grande deus que o filósofo da Academia lhe atribuiu nova genealogia. Consoante Diotima, Eros foi concebido da união de Póros (Expediente) e de Penía (Pobreza), no Jardim dos Deuses, após um grande banquete, em que se celebrava o nascimento de Afrodite.//
EROS P/ PRÉ SOCRÁTICOS
Ensinavam que no princípio existiu o Caos e a Noite. O "Chãos" devemos compreendê-lo literalmente como o vácuo abissal ou o precipício. A Noite gerou um ôvo, o ôvo cósmico, donde nasceu o amor (Eros) alado. "E este, consorciado com o abismo hiante, alado e noturno, no vasto Tártaro, deu origem ao nosso gênero e o trouxe fora, para a luz. Não havia o gênero dos mortais, antes de ser reduzido à unidade pelo amor; quando, porém, êle uniu uma parte com outra, surgiu o Céu, e o Oceano, e a Terra, e o gênero imortal de todos os deuses". Segundo uma fonte mais recente, a origem primitiva do Cosmos foi um dragão com cabeça de touro e de leão: no meio, porém, tinha o rosto de um deus, e nos ombros, asas. Ê conhecido como o deus do Tempo eternamente jovem. O dragão produziu uma tríplice seminação: o Éter úmido, o Abismo ilimitado e hiante e a nebulosa Escuridão; e além disso, de novo, um ôvo cósmico.
EROS PARA PLATÃO
Eros segundo Platão
"Pois que Eros é filho de Pínia (a Pobreza) e Poros (o Expediente), eis qual é a sua condição.
É sempre pobre, não é de maneira alguma delicado e belo como geralmente se crê; mas sujo, hirsuto, descalço, sem teto. Deita-se sempre por terra e não possui nada para cobrir-se, descansa dormindo ao ar livre sob as estrelas, nos caminhos e junto às portas. Enfim, mostra claramente a natureza da sua mãe, andando sempre acompanhado da pobreza. Ao invés, da parte do pai, Eros está sempre à espreita dos belos de corpo e de alma, com sagazes ardis. É corajoso, audaz e constante. Eros é um caçador temível, astucioso, sempre armando intrigas. Gosta de invenções e é cheio de expediente para consegui-las. É filósofo o tempo todo, encantador poderoso, fazedor de filtros, sofista. Sua natureza não é nem mortal nem imortal; no mesmo dia, em um momento, quando tudo lhe sucede bem, floresce bem vivo e, no momento seguinte, morre; mas depois retorna à vida, graças à natureza paterna. Mas tudo o que consegue pouco a pouco sempre lhe foge das mãos.
Em suma, Eros nunca é totalmente pobre nem totalmente rico. "
preciso de uma resposta pequena ;(
alguem por favor