Em 1692 piratas ingleses voltavam a lha de Santa Catarina para se vingarem de Dias Velho, que havia os expulsado de lá anos antes. Então, certa noite, os corsários desembarcaram e atacaram o povoado, prenderam a família do governante e o mataram com um tiro, na frente da família. Esse acontecimento desorganizou a colônia e seus filhos resolveram voltar para a vila de São Paulo. Logo, diversos navios - franceses, ingleses e espanhóis - atacaram, alguns até se fixando na costa catarinense, onde limite ainda não estava bem definido.
Em 5 de agosto de 1738, o governo da metrópole determinou que o sargento mor de batalha Brigadeiro José da Silva Paes levantasse uma fortificação na ilha. Em março do ano seguinte , Silva Paes tomou posse do Governo e organizou a vila, com suas repartições militares. Surgiu então o “Regimento Barriga Verde”, composto por soldados artilheiros e fuzileiros de 4 companhias. Essa unidade, pouco a pouco foi se desenvolvendo e recebeu a alcunha de “Barriga Verde”, devido ao peitilho verde característico de seu uniforme. Além de defenderem a costa das incursões navais inimigas, os soldados “barriga verde” ficaram no fogo cruzado entre a linha divisória do tratado de Tordesilhas, na contenda que envolvia os reinos de Portugal e Espanha no território catarinense. Nesta época foram os catarinenses denominados "barriga verde" devido tal regimento.
O termo "barriga-verde" tem sua origem por questões militares, conforme pode ser confirmado pela WiKipédia no endereço http://pt.wikipedia.org/wiki/Barriga-verde ... Não tem nada haver com erva-mate, mato, etc. Até mesmo que somente na Região Serrana que se tem hábito de chimarrão.
Eis aí uma pergunta dificil de ser respondida, se formos nos pautar em documentação histórica.
Não importa a falta de registro nos arquivos históricos. Inicialmente a alcunha surgiu pejorativamente, mas com o correr dos tempos a assumimos orgulhosamente. Os historiadores, José Boiteux, Osvaldo Rodrigues Cabral, Carlos da Costa Pereira,
Othon da Gama D'Eça e outros integrantes do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, simplesmente passaram por cima do assunto, por não encontrarem registro concludente da assertiva da alcunha de "Barriga-Verde".
Porém, quem mais se aprofundou nessas pesquisas, foi o Prof. Osvaldo Rodrigues Cabral, historiador, antropólogo, e folclorista de renome nacional, autor de várias obras sobre Antropologia, Sociologia, Folclore e, sobretudo, a História de Santa Catarina. Este publicou em uma de suas obras, o resultado de pesquisas históricas das milícias portuguesas, revolvidas por ele, algo que esclarecesse o assunto, visto que falava-se, que entre uma dessas milícias deslocadas para o Sul do Brasil, havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do "dolmã" do fardamento, como um largo cinturão.
Entretanto, o Cabral não encontrou nada existente entre as várias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal, não havendo, portanto, registro que estabelecesse a sua existência. Essa mesma assertiva da existência do tal batalhão catarinense continuou sendo contestada por Osvaldo Cabral, quando em seu livro "Nossa Senhora do Desterro-Memória II", diz à pág. 17: "Da terra mesmo, como gente dela, foi formado um Batalhão, depois Regimento, o de Infantaria de Linha da Ilha de Santa Catarina, pelo Brigadeiro José da Silva Paes, com gente recrutada, está mais que visto, além de alguns elementos trazidos por ele do Rio de Janeiro. Este Regimento tornou-se glorioso, e é o mesmo para o qual, mais tarde, se inventou a alcunha de BARRIGA-VERDE (pela qual nunca foi conhecido no seu tempo. . .) e para o qual, o Coronel Manoel Soares Coimbra, seu Comandante e Governador da Capitania, iniciou a construção do Quartel no Campo do Manejo (hoje local do Instituto de Educação), que dura até nossos dias. Prossegue Cabral:
"Foi este Corpo, hábil no manejo das armas, e não houve campanha no Sul do Brasil em que a qual não tivesse presente. Para falar a verdade passou mais tempo destacado no Rio Grande do Sul do que aqui. Desta forma, sua história só nos pertence pela sua gente, que era nossa; pelos seus feitos, ela pertenceria muito mais a Rio Grande de São Pedro, teatro das suas façanhas, de onde muitas vezes, regressou à sua sede coberto de tantas glórias quanto de farrapos, pois o Rei não cuidava de lhe dar, nos prazos, os uniformes, como também Ihe pagar os soldos . . . Como qualquer corpo, então, contou com os seus bravos e também com seus desertores, cujos claros eram preenchidos com novos recrutamentos. Mas no balanço geral, seu saldo é farto de glórias e muitos louros. . ."
O escritor Gustavo Barroso, também faz referência aos catarinenses, chamando-os de "Barriga-Verde", na guerra contra o ditador Artigas do Uruguai. Um historiador da região platina, entretanto, insere em uma de suas obras a seguinte versão: Diz ele, "determinado batalhão de infantaria catarinense, combatendo as tropas do Ditador Artigas, foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador, num cerco prolongado, e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e água, rastejavam sobre a relva verde e húmida, ficando com a frente da farda verde pela clorofila das relvas, vindo daí a alcunha de Barriga verde". - É uma afirmativa sem valor histórico, visto que como diz o próprio Cabral, nem todos os milicianos que compunham o batalhão eram catarinenses. Seja como for, porém é válida, pois vem reafirmar a existência dessa alcunha. O escritor Virgílio Várzea, no seu livro "Santa Catarina A ILHA", editado em 1900, diz à pág. 20: "Do açoriano recebeu também o BARRIGA-VERDE, alcunha originária de um antigo regimento de milicianos catarinenses, cujos soldados usavam um colete verde. Este batalhão tornou-se célebre pela sua bravura nas campanhas do sul, durante, o primeiro império". Diz ainda Virgílio Várzea, à pág. 21: "O barriga-verde pelo seu temperamento e feição psicológica, é muito sociável, é dado a festas e divertimentos, sendo um desses tipos de povo que raramente experimentam bisonharia e tristeza". Complementando, diz o escritor Gal. Osvaldo Ferraro de Carvalho, um dos ex-comandantes da Policia Militar do Rio de Janeiro, atualmente residindo na Capital catarinense: O termo "Barriga-Verde" era pejorativo e galhofeiro, ao mesmo tempo, usado na Campanha do Paraguai para designar os voluntários procedentes dos antigos açorianos e madeirenses que aqui se fixaram, no século XVIII. Como explica o Visconde de Taunay (Alfredo D'Escragnolle Taunay), que tomou parte na campanha como oficial-de-estado-maior e foi responsável pela redação do Diário de Campanha do Exército Brasileiro, durante o comando do Marquês de Caxias, "aos soldados oriundos do litoral de Santa Catarina, por sua pele de cor branca e macilenta, meio esverdeada, talvez uma conseqüência da alimentação a base de peixes e crustáceos quase que exclusivamente, os soldados nordestinos, pretos, cafusos, mulatos e caborés, na sua imensa maioria, alcunhavam de barrigas verdes, numa referência jocosa à cor da pele desses descendentes dos antigos imigrantes procedentes das ilhas portuguesas do Açores e da Madeira".
Answers & Comments
Verified answer
Em 1692 piratas ingleses voltavam a lha de Santa Catarina para se vingarem de Dias Velho, que havia os expulsado de lá anos antes. Então, certa noite, os corsários desembarcaram e atacaram o povoado, prenderam a família do governante e o mataram com um tiro, na frente da família. Esse acontecimento desorganizou a colônia e seus filhos resolveram voltar para a vila de São Paulo. Logo, diversos navios - franceses, ingleses e espanhóis - atacaram, alguns até se fixando na costa catarinense, onde limite ainda não estava bem definido.
Em 5 de agosto de 1738, o governo da metrópole determinou que o sargento mor de batalha Brigadeiro José da Silva Paes levantasse uma fortificação na ilha. Em março do ano seguinte , Silva Paes tomou posse do Governo e organizou a vila, com suas repartições militares. Surgiu então o “Regimento Barriga Verde”, composto por soldados artilheiros e fuzileiros de 4 companhias. Essa unidade, pouco a pouco foi se desenvolvendo e recebeu a alcunha de “Barriga Verde”, devido ao peitilho verde característico de seu uniforme. Além de defenderem a costa das incursões navais inimigas, os soldados “barriga verde” ficaram no fogo cruzado entre a linha divisória do tratado de Tordesilhas, na contenda que envolvia os reinos de Portugal e Espanha no território catarinense. Nesta época foram os catarinenses denominados "barriga verde" devido tal regimento.
pq as mulheres gostam de dar para os curitibanos, de bruços, sobre o mato
carol eu tive uma prova sobre isso e usei a sua resposta,adorei a sua resposta
O termo "barriga-verde" tem sua origem por questões militares, conforme pode ser confirmado pela WiKipédia no endereço http://pt.wikipedia.org/wiki/Barriga-verde ... Não tem nada haver com erva-mate, mato, etc. Até mesmo que somente na Região Serrana que se tem hábito de chimarrão.
Eis aí uma pergunta dificil de ser respondida, se formos nos pautar em documentação histórica.
Não importa a falta de registro nos arquivos históricos. Inicialmente a alcunha surgiu pejorativamente, mas com o correr dos tempos a assumimos orgulhosamente. Os historiadores, José Boiteux, Osvaldo Rodrigues Cabral, Carlos da Costa Pereira,
Othon da Gama D'Eça e outros integrantes do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, simplesmente passaram por cima do assunto, por não encontrarem registro concludente da assertiva da alcunha de "Barriga-Verde".
Porém, quem mais se aprofundou nessas pesquisas, foi o Prof. Osvaldo Rodrigues Cabral, historiador, antropólogo, e folclorista de renome nacional, autor de várias obras sobre Antropologia, Sociologia, Folclore e, sobretudo, a História de Santa Catarina. Este publicou em uma de suas obras, o resultado de pesquisas históricas das milícias portuguesas, revolvidas por ele, algo que esclarecesse o assunto, visto que falava-se, que entre uma dessas milícias deslocadas para o Sul do Brasil, havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do "dolmã" do fardamento, como um largo cinturão.
Entretanto, o Cabral não encontrou nada existente entre as várias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal, não havendo, portanto, registro que estabelecesse a sua existência. Essa mesma assertiva da existência do tal batalhão catarinense continuou sendo contestada por Osvaldo Cabral, quando em seu livro "Nossa Senhora do Desterro-Memória II", diz à pág. 17: "Da terra mesmo, como gente dela, foi formado um Batalhão, depois Regimento, o de Infantaria de Linha da Ilha de Santa Catarina, pelo Brigadeiro José da Silva Paes, com gente recrutada, está mais que visto, além de alguns elementos trazidos por ele do Rio de Janeiro. Este Regimento tornou-se glorioso, e é o mesmo para o qual, mais tarde, se inventou a alcunha de BARRIGA-VERDE (pela qual nunca foi conhecido no seu tempo. . .) e para o qual, o Coronel Manoel Soares Coimbra, seu Comandante e Governador da Capitania, iniciou a construção do Quartel no Campo do Manejo (hoje local do Instituto de Educação), que dura até nossos dias. Prossegue Cabral:
"Foi este Corpo, hábil no manejo das armas, e não houve campanha no Sul do Brasil em que a qual não tivesse presente. Para falar a verdade passou mais tempo destacado no Rio Grande do Sul do que aqui. Desta forma, sua história só nos pertence pela sua gente, que era nossa; pelos seus feitos, ela pertenceria muito mais a Rio Grande de São Pedro, teatro das suas façanhas, de onde muitas vezes, regressou à sua sede coberto de tantas glórias quanto de farrapos, pois o Rei não cuidava de lhe dar, nos prazos, os uniformes, como também Ihe pagar os soldos . . . Como qualquer corpo, então, contou com os seus bravos e também com seus desertores, cujos claros eram preenchidos com novos recrutamentos. Mas no balanço geral, seu saldo é farto de glórias e muitos louros. . ."
O escritor Gustavo Barroso, também faz referência aos catarinenses, chamando-os de "Barriga-Verde", na guerra contra o ditador Artigas do Uruguai. Um historiador da região platina, entretanto, insere em uma de suas obras a seguinte versão: Diz ele, "determinado batalhão de infantaria catarinense, combatendo as tropas do Ditador Artigas, foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador, num cerco prolongado, e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e água, rastejavam sobre a relva verde e húmida, ficando com a frente da farda verde pela clorofila das relvas, vindo daí a alcunha de Barriga verde". - É uma afirmativa sem valor histórico, visto que como diz o próprio Cabral, nem todos os milicianos que compunham o batalhão eram catarinenses. Seja como for, porém é válida, pois vem reafirmar a existência dessa alcunha. O escritor Virgílio Várzea, no seu livro "Santa Catarina A ILHA", editado em 1900, diz à pág. 20: "Do açoriano recebeu também o BARRIGA-VERDE, alcunha originária de um antigo regimento de milicianos catarinenses, cujos soldados usavam um colete verde. Este batalhão tornou-se célebre pela sua bravura nas campanhas do sul, durante, o primeiro império". Diz ainda Virgílio Várzea, à pág. 21: "O barriga-verde pelo seu temperamento e feição psicológica, é muito sociável, é dado a festas e divertimentos, sendo um desses tipos de povo que raramente experimentam bisonharia e tristeza". Complementando, diz o escritor Gal. Osvaldo Ferraro de Carvalho, um dos ex-comandantes da Policia Militar do Rio de Janeiro, atualmente residindo na Capital catarinense: O termo "Barriga-Verde" era pejorativo e galhofeiro, ao mesmo tempo, usado na Campanha do Paraguai para designar os voluntários procedentes dos antigos açorianos e madeirenses que aqui se fixaram, no século XVIII. Como explica o Visconde de Taunay (Alfredo D'Escragnolle Taunay), que tomou parte na campanha como oficial-de-estado-maior e foi responsável pela redação do Diário de Campanha do Exército Brasileiro, durante o comando do Marquês de Caxias, "aos soldados oriundos do litoral de Santa Catarina, por sua pele de cor branca e macilenta, meio esverdeada, talvez uma conseqüência da alimentação a base de peixes e crustáceos quase que exclusivamente, os soldados nordestinos, pretos, cafusos, mulatos e caborés, na sua imensa maioria, alcunhavam de barrigas verdes, numa referência jocosa à cor da pele desses descendentes dos antigos imigrantes procedentes das ilhas portuguesas do Açores e da Madeira".
não sei, sou de SC mas minha barriga não é verde