O tema deste extenso poema é o cântico ao sonho, entendido como a mola do progresso e da evolução do ser humano ao longo dos séculos. Ou seja, o sonho é o elemento que leva o Homem a fazer avançar o Mundo, a superar-se continuamente. Por outro lado, o sonho “é uma constante da vida”, sem a qual, citando Fernando Pessoa, o Homem é somente um “cadáver adiado que procria” (D. Sebastião, in Mensagem).
O título do poema – Pedra Filosofal – remete para a alquimia, isto é, para a substância que se adicionava aos metais pobres para serem transformados em ouro. Assim, com este título, António Gedeão associa o sonho humano à magia dos alquimistas, sugerindo que aquele, qual pedra filosofal, transforma em ouro as fraquezas e as pequenas ambições humanas.
O sonho é tão frequente, concreto e definido na vida como diversas outras coisas: uma pedra, um ribeiro, os pinheiros, as aves, etc. Estas diversas comparações que surgem no início do texto sugerem que o sonho é uma coisa simples e, ao mesmo tempo, complexa, porque é muito difícil de definir; sugerem ainda que algo abstracto e subjectivo pode ser transformado em algo tão concreto e definido como outra coisa qualquer.
Os sonhos podem ser “mansos” ou “sobressaltados”; estão relacionados com algo grandioso e envolvidos pela ideia da esperança constante (por exemplo, a metáfora dos “pinheiros altos”: a cor verde poderá remeter para a eterna “juventude” ou para o renovar constante e para a esperança em torno do sonho, enquanto a altura poderá sugerir a liberdade desse ideal, a ausência de horizontes ou limites para o sonho, como o céu por onde voam as aves); são igualmente o “bichinho (…) sedento” cujo focinho pontiagudo permite penetrar nos “locais” mais recônditos.
É o sonho que leva ao progresso humano em diversas áreas: a Arte (a pintura, a arquitectura, a música, o teatro, a dança); a Técnica e a Tecnologia (a cisão do átomo, o radar, o foguetão…); a Geografia e a História, a Indústria… No caso português, António Gedeão destaca o momento dos Descobrimentos, que permitiu que um pequeno povo, sem grande poder ou equipamento minimamente adequado, apenas com a sua coragem e o seu sonho, revelasse novas terras, novos povos, novas civilizações ao Mundo. O Homem sonhou que existiam outros mundos além dos conhecidos e sonhou que os poderia descobrir e, através da força imparável do sonho, esses universos foram mesmo desvendados.
Antes de concluir que, sempre que o Homem sonha, consegue alcançar algo melhor do que aquilo que conhece, António Gedeão não deixa de criticar todos aqueles que não sonham, pois não sabem que o sonho comanda as suas vidas. Em suma, sem sonho não há vida, sem sonho a vida não tem sentido.
Answers & Comments
Verified answer
Análise crítica do poema Pedra Filosofal
O tema deste extenso poema é o cântico ao sonho, entendido como a mola do progresso e da evolução do ser humano ao longo dos séculos. Ou seja, o sonho é o elemento que leva o Homem a fazer avançar o Mundo, a superar-se continuamente. Por outro lado, o sonho “é uma constante da vida”, sem a qual, citando Fernando Pessoa, o Homem é somente um “cadáver adiado que procria” (D. Sebastião, in Mensagem).
O título do poema – Pedra Filosofal – remete para a alquimia, isto é, para a substância que se adicionava aos metais pobres para serem transformados em ouro. Assim, com este título, António Gedeão associa o sonho humano à magia dos alquimistas, sugerindo que aquele, qual pedra filosofal, transforma em ouro as fraquezas e as pequenas ambições humanas.
O sonho é tão frequente, concreto e definido na vida como diversas outras coisas: uma pedra, um ribeiro, os pinheiros, as aves, etc. Estas diversas comparações que surgem no início do texto sugerem que o sonho é uma coisa simples e, ao mesmo tempo, complexa, porque é muito difícil de definir; sugerem ainda que algo abstracto e subjectivo pode ser transformado em algo tão concreto e definido como outra coisa qualquer.
Os sonhos podem ser “mansos” ou “sobressaltados”; estão relacionados com algo grandioso e envolvidos pela ideia da esperança constante (por exemplo, a metáfora dos “pinheiros altos”: a cor verde poderá remeter para a eterna “juventude” ou para o renovar constante e para a esperança em torno do sonho, enquanto a altura poderá sugerir a liberdade desse ideal, a ausência de horizontes ou limites para o sonho, como o céu por onde voam as aves); são igualmente o “bichinho (…) sedento” cujo focinho pontiagudo permite penetrar nos “locais” mais recônditos.
É o sonho que leva ao progresso humano em diversas áreas: a Arte (a pintura, a arquitectura, a música, o teatro, a dança); a Técnica e a Tecnologia (a cisão do átomo, o radar, o foguetão…); a Geografia e a História, a Indústria… No caso português, António Gedeão destaca o momento dos Descobrimentos, que permitiu que um pequeno povo, sem grande poder ou equipamento minimamente adequado, apenas com a sua coragem e o seu sonho, revelasse novas terras, novos povos, novas civilizações ao Mundo. O Homem sonhou que existiam outros mundos além dos conhecidos e sonhou que os poderia descobrir e, através da força imparável do sonho, esses universos foram mesmo desvendados.
Antes de concluir que, sempre que o Homem sonha, consegue alcançar algo melhor do que aquilo que conhece, António Gedeão não deixa de criticar todos aqueles que não sonham, pois não sabem que o sonho comanda as suas vidas. Em suma, sem sonho não há vida, sem sonho a vida não tem sentido.
http://www.esec-f-castelo-rodrigo.rcts.pt/analises...
Pedra Filosofal
Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso,
em serenos sobressaltos
como estes pinheiros altos
que em verde e ouro se agitam
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.
Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma. é fermento,
bichinho alacre e sedento.
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel.
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa dos ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança.,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
para-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra som televisão
desembarque em foguetão
na superfície lunar.
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre a mãos de uma criança.
http://belostextos.aaldeia.net/pedrafilosofal.htm