A leitura emocional tem aspectos curiosos. Por exemplo, certas coisas tem o poder de libertar nossas emoções; levam-nos a outros tempos e lugares. (Lugares, cheiros, músicas… provocam lembranças, sentimentos…)
Diante disso, muitas vezes, quando nos percebemos dominados pelos sentimentos, nossa reação tende a ser negá-los (Freud explica como mecanismo de defesa).
Por tudo isso, tentamos escamotear ou justificar uma leitura emocional. Mas por que negar?
Por um lado, não queremos parecer comuns (queremos parecer donos de nossos sentimentos… conduta pré-fabricada…. queremos apresentar personalidade); por outro, somos intolerantes a manifestações que fogem aquilo que chamamos de reação equilibrada.
Ocorre também lembranças mais prosaicas, desagradáveis. Leitura para uma prova, por exemplo. Se for algo que não nos agradou, pode sempre remeter-nos à lembranças desagradáveis.
Isso também pode acontecer em relação a pessoas, lugares…?
No nível emocional, é preciso pensar a leitura como algo que provoca – ou não – empatia (participação afetiva – às vezes, até nos sentimos na pele do personagem).
Neste contexto, é preciso pensar o texto não mais como algo que o leitor sente, mas como algo que acontece com o leitor – o que ele faz, provoca em nós.
Às vezes, temos uma semiconsciência de estarmos lendo algo medíocre, mas gostamos; outras, algo importante, mas nos desagrada. Temos uma ligação inexplicável, irracional com o objeto de leitura.
Há explicações para isso. Geralmente tem a ver com a formação e o condicionamento ideológico.
Essas aparentes predileções ou rejeições são explicadas pelo universo social e individual de cada um.
Há também os aspectos projetivos. O leitor sente-se atraído pelo objeto lido por se assemelhar à imagem que o leitor faz de si… ou o contrário, quando sente-se atraído pelo oposto.
Mesmo quando começa a ter uma leitura consciente, em alguns momentos, há recaídas. Isto se explica por causa da criança que ainda está dentro de nós… ela se emerge e possibilita essas recaídas.
E quanto às fotonovelas, mundo-cão? Há todo um processo de identificação com o público. Geralmente ligado às frustrações e angústias de cada leitor.
(Processo catártico – se há agruras na vida, há outros piores que eu. Por outro lado, há aqueles que alimentam a ilusão de tirar “o pé da lama”).
Exemplo: investigação de leituras de operárias na cidade de São Paulo (revistas sentimentais). Resultado: busca de uma compensação.
Este nível de leitura é bastante interessante do ponto de vista investigativo, porque possibilita a identificação do universo social e do inconsciente individual.
Também se trata de uma leitura de passatempo, já que representa uma leitura de evasão. Onde o leitor permite-se desligar das circunstâncias concretas e imediatas.
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A leitura emocional tem aspectos curiosos. Por exemplo, certas coisas tem o poder de libertar nossas emoções; levam-nos a outros tempos e lugares. (Lugares, cheiros, músicas… provocam lembranças, sentimentos…)
Diante disso, muitas vezes, quando nos percebemos dominados pelos sentimentos, nossa reação tende a ser negá-los (Freud explica como mecanismo de defesa).
Por tudo isso, tentamos escamotear ou justificar uma leitura emocional. Mas por que negar?
Por um lado, não queremos parecer comuns (queremos parecer donos de nossos sentimentos… conduta pré-fabricada…. queremos apresentar personalidade); por outro, somos intolerantes a manifestações que fogem aquilo que chamamos de reação equilibrada.
Ocorre também lembranças mais prosaicas, desagradáveis. Leitura para uma prova, por exemplo. Se for algo que não nos agradou, pode sempre remeter-nos à lembranças desagradáveis.
Isso também pode acontecer em relação a pessoas, lugares…?
No nível emocional, é preciso pensar a leitura como algo que provoca – ou não – empatia (participação afetiva – às vezes, até nos sentimos na pele do personagem).
Neste contexto, é preciso pensar o texto não mais como algo que o leitor sente, mas como algo que acontece com o leitor – o que ele faz, provoca em nós.
Às vezes, temos uma semiconsciência de estarmos lendo algo medíocre, mas gostamos; outras, algo importante, mas nos desagrada. Temos uma ligação inexplicável, irracional com o objeto de leitura.
Há explicações para isso. Geralmente tem a ver com a formação e o condicionamento ideológico.
Essas aparentes predileções ou rejeições são explicadas pelo universo social e individual de cada um.
Há também os aspectos projetivos. O leitor sente-se atraído pelo objeto lido por se assemelhar à imagem que o leitor faz de si… ou o contrário, quando sente-se atraído pelo oposto.
Mesmo quando começa a ter uma leitura consciente, em alguns momentos, há recaídas. Isto se explica por causa da criança que ainda está dentro de nós… ela se emerge e possibilita essas recaídas.
E quanto às fotonovelas, mundo-cão? Há todo um processo de identificação com o público. Geralmente ligado às frustrações e angústias de cada leitor.
(Processo catártico – se há agruras na vida, há outros piores que eu. Por outro lado, há aqueles que alimentam a ilusão de tirar “o pé da lama”).
Exemplo: investigação de leituras de operárias na cidade de São Paulo (revistas sentimentais). Resultado: busca de uma compensação.
Este nível de leitura é bastante interessante do ponto de vista investigativo, porque possibilita a identificação do universo social e do inconsciente individual.
Também se trata de uma leitura de passatempo, já que representa uma leitura de evasão. Onde o leitor permite-se desligar das circunstâncias concretas e imediatas.