Em 1991, em novo julgamento, os réus foram absolvidos quando o advogado Paulo Barros solicitou como testemunhas a mãe de Araceli, D. Lola Cabrero Crespo, e o então deputado Clério Falcão. E não precisou explanar, nem discutir muito. A D. Lola fugiu para a Bolívia e nunca mais se soube dela, porque em nenhum momento foi esquecido que a maior culpada na tragédia foi ela mesma, que se contradisse algumas vezes, inclusive em relação ao marido; com quem vivia muito mal. E pela sua comprovação como vendedora de drogas.Quanto ao Clério, o xeque-mate foi a seguinte pergunta: “Senhor Clério Falcão, quem matou Araceli”? O deputado, que era muito estabanado, rindo muito e gesticulando, virou-se para o juiz e disse: “O doutor Paulo só pode estar brincando. Todo mundo sabe, já saiu em todos os jornais do mundo, e ele quer que eu responda isso”? Ali, terminou o julgamento de um dos mais bárbaros crimes da história no ES, com absolvição dos réus.
___________________________________________
A verdade, antes tarde do que nunca
Lá se vão quase 36 anos! Mas impossível de total esquecimento, tamanha a crueldade do crime ocorrido no dia 18 de maio de 1973, que ganhou manchetes internacionais, virou livro e vídeo, e ainda assim teve abafado alguns tópicos nunca revelados porque certamente inocentariam justamente aqueles escolhidos como os “CULPADOS”.
Como não comungamos com acusações sem provas, detestamos injustiças, e é bom que se diga, antes que venham com insinuações absurdas, que não temos e nunca tivemos nenhum relacionamento com os senhores Paulinho Helal e Dante Micheline Filho (Dantinho), o último, aliás, todos sabem que nunca tive nenhuma ligação com a família, muito pelo contrário, mas após tomarmos conhecimento dos fatos, que é possível até que outros jornalistas também tenham, mas nunca tiveram coragem suficiente ou espaço permitido na grande mídia, achamos por bem divulgar. Afinal, antes tarde do que nunca.
A princípio, para quem não sabe, ou não viveu a época, o crime de Araceli Cabrera Crespo foi dos mais marcantes no Brasil. Ela, uma menina linda, com 8 anos de idade, vivia com a mãe, o pai e um irmão na Rua São Paulo, no Bairro de Fátima. Consta no processo que sua mãe era nascida em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, e tinha irmãos traficantes naquele país. Vez por outra, ia até lá, trazia drogas e as vendia aqui no ES. Segundo o relato processual, no dia 18 de maio de 1973, Araceli saiu da escola minutos antes do término das aulas mediante a solicitação da mãe, D. Lola, através de um bilhete. Araceli tinha em mãos um envelope lacrado a ser entregue no Ed. Apolo, onde jovens aguardavam a encomenda. Dizem ainda que ela não sabia do conteúdo. Ali, teria ocorrido o crime hediondo revoltante pela crueldade sem limites. Foram constatadas pelo IML o espancamento, o estupro, drogaram-na e ainda encontraram marcas de dentes na sua vagina e nos peitos ainda indefinidos.
O seu corpo desfigurado foi achado seis dias depois num matagal atrás do Hospital Infantil por um garoto que caçava passarinhos. Ali, para não ser reconhecido, jogaram ácido em seu rostinho. Logo que recolhido, o pai, Gabriel Sanchez Crespo, reconheceu o corpo após constatar um sinal de nascença nos pés. Mas, criou-se um impasse, já que D. Lola, a mãe, desmentiu a possibilidade. Porém, a família tinha um cachorro, de nome Radar, que era o xodó de Araceli e ao ser levado ao IML foi direto na gaveta da geladeira onde estava o seu corpo.
O OUTRO LADO, NUNCA DIVULGADO - O respeitado advogado Paulo Afonso Barros, criminalista dos mais aplaudidos do Estado e que atuou na defesa de Dante Michelini Filho e Paulinho Helal, em conversa com este repórter mostrou-se inconformado com a não publicação da outra versão e foi quem nos permitiu trazer aos senhores, hoje chefes de família, quem sabe pelo menos um alívio, já que nada é mais cruel que ser julgado culpado quando a consciência nos mantém imune. Se o forem, CLASS aqui está com a missão de pelo menos contar uma outra versão que os inocenta.
O cenário era a Churrascaria Guasca, a única na época, ali na av. Beira Mar. Dois amigos almoçavam, como faziam de praxe pelo menos uma vez por semana. Eram o empresário Dante Michelini e o delegado Jorge Devéns. Não mais que de repente surge um policial ue interrompe o almoço e avisa ao delegado que um crime absurdo tinha acontecido e sua presença era necessária na Delegacia. Eles se levantaram e ao chegarem à delegacia, Jorge teria solicitado ao Dante: “Já que você não está fazendo nada, vai olhando aí estas fichas e organizando para mim”! A porta entreaberta mostrava que do lado de fora muitos repórteres e “focas” de páginas policiais iam se aglomerando.
Um deles, perguntou: “Alguma bomba? Alguma novidade? Por que tanta gente aqui”? A resposta : “Um crime absurdo e parece que tem milionário na jogada”. A insinuação maledicente já incluía a presença do Dante, na sala, olhando as fichas. Pronto, o escândalo envolvendo as famílias viraram manchetes dos jornais. Primeiro com hipóteses.
Já com Paulinho Helal, jovem invejado pela posição, pelos belos carros e pela mansão em que residia na av. Saturnino de Brito, onde hoje está edificado o Cap Ferrat, teria sido assim: no auge do depoimento de uma testemunha, numa sala fechada com apenas o delegado, que tinha alto índice de surdez, ela falava da última vez que viu a menina Araceli, num ponto de ônibus da av. Cezar Hilal. Não se sabe como foi entendido e a culpa recaiu em Paulo Helal, embora a dedução lógica é que foram escolhidos diante de suposições. Absurdos à parte, eles não conseguiram nunca mais provar a inocência. E por que não?
Um policial, de nome Clério Vieira Falcão, que atuava dirigindo rádio-patrulha, resolveu abraçar a causa e incriminar os milionários que ele alegava estarem sendo protegidos pelo poder. Como, em sua maioria, pobre adora ver escândalo envolvendo ricos (infelizmente hábito comum no mundo ocidental, só diferenciado na humanidade pelos muçulmanos que ensinam a necessidade de amar quem ficou rico, pois estes são os que lhe dão emprego, garantem a sua sobrevivência e que são escolhidos por Deus), as denúncias e entrevistas com manchetes em letras garrafais todos os dias nos jornais garantiram ao Clério uma vaga como Deputado Estadual, na Assembléia Legislativa.
Em agosto de 1977, o juiz Hilton Silly mandou prender Dante Michelini e seu filho Dantinho e o Paulinho Helal. Em outubro, do mesmo ano, foram liberados. Em 1980, foram então julgados e condenados, porém a decisão foi anulada. Em 1991, em novo julgamento, os réus foram absolvidos quando o advogado Paulo Barros solicitou como testemunhas a mãe de Araceli, D. Lola Cabrero Crespo, e o então deputado Clério Falcão. E não precisou explanar, nem discutir muito. A D. Lola fugiu para a Bolívia e nunca mais se soube dela, porque em nenhum momento foi esquecido que a maior culpada na tragédia foi ela mesma, que se contradisse algumas vezes, inclusive em relação ao marido; com quem vivia muito mal. E pela sua comprovação como vendedora de drogas.Quanto ao Clério, o xeque-mate foi a seguinte pergunta: “Senhor Clério Falcão, quem matou Araceli”? O deputado, que era muito estabanado, rindo muito e gesticulando, virou-se para o juiz e disse: “O doutor Paulo só pode estar brincando. Todo mundo sabe, já saiu em todos os jornais do mundo, e ele quer que eu responda isso”? Ali, terminou o julgamento de um dos mais bárbaros crimes da história no ES, com absolvição dos réus.
Entretanto, além da destruição moral, em especial, a crueldade com a família Helal, formada de pessoas idôneas, trabalhadoras e queridíssimas, que era a maior referência no comércio do Estado, tendo uma grande loja de departamentos na Praça Costa Pereira e dos primeiros investidores na hotelaria, perderam praticamente tudo, ficaram marcados grosseiramente. E se assim foi, que pelo menos possa servir de exemplo que qualquer julgamento prévio e leviano certamente causará ruínas às pessoas inocentes. E não custa lembrar que até você, numa das rodas da vida, seja escolhido como réu sem chances de defesa. E aqui talvez seja possível não livrar-se do julgamento dos homens, mas o melhor mesmo é não temer o julgamento de Deus.
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Em 1991, em novo julgamento, os réus foram absolvidos quando o advogado Paulo Barros solicitou como testemunhas a mãe de Araceli, D. Lola Cabrero Crespo, e o então deputado Clério Falcão. E não precisou explanar, nem discutir muito. A D. Lola fugiu para a Bolívia e nunca mais se soube dela, porque em nenhum momento foi esquecido que a maior culpada na tragédia foi ela mesma, que se contradisse algumas vezes, inclusive em relação ao marido; com quem vivia muito mal. E pela sua comprovação como vendedora de drogas.Quanto ao Clério, o xeque-mate foi a seguinte pergunta: “Senhor Clério Falcão, quem matou Araceli”? O deputado, que era muito estabanado, rindo muito e gesticulando, virou-se para o juiz e disse: “O doutor Paulo só pode estar brincando. Todo mundo sabe, já saiu em todos os jornais do mundo, e ele quer que eu responda isso”? Ali, terminou o julgamento de um dos mais bárbaros crimes da história no ES, com absolvição dos réus.
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A verdade, antes tarde do que nunca
Lá se vão quase 36 anos! Mas impossível de total esquecimento, tamanha a crueldade do crime ocorrido no dia 18 de maio de 1973, que ganhou manchetes internacionais, virou livro e vídeo, e ainda assim teve abafado alguns tópicos nunca revelados porque certamente inocentariam justamente aqueles escolhidos como os “CULPADOS”.
Como não comungamos com acusações sem provas, detestamos injustiças, e é bom que se diga, antes que venham com insinuações absurdas, que não temos e nunca tivemos nenhum relacionamento com os senhores Paulinho Helal e Dante Micheline Filho (Dantinho), o último, aliás, todos sabem que nunca tive nenhuma ligação com a família, muito pelo contrário, mas após tomarmos conhecimento dos fatos, que é possível até que outros jornalistas também tenham, mas nunca tiveram coragem suficiente ou espaço permitido na grande mídia, achamos por bem divulgar. Afinal, antes tarde do que nunca.
A princípio, para quem não sabe, ou não viveu a época, o crime de Araceli Cabrera Crespo foi dos mais marcantes no Brasil. Ela, uma menina linda, com 8 anos de idade, vivia com a mãe, o pai e um irmão na Rua São Paulo, no Bairro de Fátima. Consta no processo que sua mãe era nascida em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, e tinha irmãos traficantes naquele país. Vez por outra, ia até lá, trazia drogas e as vendia aqui no ES. Segundo o relato processual, no dia 18 de maio de 1973, Araceli saiu da escola minutos antes do término das aulas mediante a solicitação da mãe, D. Lola, através de um bilhete. Araceli tinha em mãos um envelope lacrado a ser entregue no Ed. Apolo, onde jovens aguardavam a encomenda. Dizem ainda que ela não sabia do conteúdo. Ali, teria ocorrido o crime hediondo revoltante pela crueldade sem limites. Foram constatadas pelo IML o espancamento, o estupro, drogaram-na e ainda encontraram marcas de dentes na sua vagina e nos peitos ainda indefinidos.
O seu corpo desfigurado foi achado seis dias depois num matagal atrás do Hospital Infantil por um garoto que caçava passarinhos. Ali, para não ser reconhecido, jogaram ácido em seu rostinho. Logo que recolhido, o pai, Gabriel Sanchez Crespo, reconheceu o corpo após constatar um sinal de nascença nos pés. Mas, criou-se um impasse, já que D. Lola, a mãe, desmentiu a possibilidade. Porém, a família tinha um cachorro, de nome Radar, que era o xodó de Araceli e ao ser levado ao IML foi direto na gaveta da geladeira onde estava o seu corpo.
O OUTRO LADO, NUNCA DIVULGADO - O respeitado advogado Paulo Afonso Barros, criminalista dos mais aplaudidos do Estado e que atuou na defesa de Dante Michelini Filho e Paulinho Helal, em conversa com este repórter mostrou-se inconformado com a não publicação da outra versão e foi quem nos permitiu trazer aos senhores, hoje chefes de família, quem sabe pelo menos um alívio, já que nada é mais cruel que ser julgado culpado quando a consciência nos mantém imune. Se o forem, CLASS aqui está com a missão de pelo menos contar uma outra versão que os inocenta.
O cenário era a Churrascaria Guasca, a única na época, ali na av. Beira Mar. Dois amigos almoçavam, como faziam de praxe pelo menos uma vez por semana. Eram o empresário Dante Michelini e o delegado Jorge Devéns. Não mais que de repente surge um policial ue interrompe o almoço e avisa ao delegado que um crime absurdo tinha acontecido e sua presença era necessária na Delegacia. Eles se levantaram e ao chegarem à delegacia, Jorge teria solicitado ao Dante: “Já que você não está fazendo nada, vai olhando aí estas fichas e organizando para mim”! A porta entreaberta mostrava que do lado de fora muitos repórteres e “focas” de páginas policiais iam se aglomerando.
Um deles, perguntou: “Alguma bomba? Alguma novidade? Por que tanta gente aqui”? A resposta : “Um crime absurdo e parece que tem milionário na jogada”. A insinuação maledicente já incluía a presença do Dante, na sala, olhando as fichas. Pronto, o escândalo envolvendo as famílias viraram manchetes dos jornais. Primeiro com hipóteses.
Já com Paulinho Helal, jovem invejado pela posição, pelos belos carros e pela mansão em que residia na av. Saturnino de Brito, onde hoje está edificado o Cap Ferrat, teria sido assim: no auge do depoimento de uma testemunha, numa sala fechada com apenas o delegado, que tinha alto índice de surdez, ela falava da última vez que viu a menina Araceli, num ponto de ônibus da av. Cezar Hilal. Não se sabe como foi entendido e a culpa recaiu em Paulo Helal, embora a dedução lógica é que foram escolhidos diante de suposições. Absurdos à parte, eles não conseguiram nunca mais provar a inocência. E por que não?
Um policial, de nome Clério Vieira Falcão, que atuava dirigindo rádio-patrulha, resolveu abraçar a causa e incriminar os milionários que ele alegava estarem sendo protegidos pelo poder. Como, em sua maioria, pobre adora ver escândalo envolvendo ricos (infelizmente hábito comum no mundo ocidental, só diferenciado na humanidade pelos muçulmanos que ensinam a necessidade de amar quem ficou rico, pois estes são os que lhe dão emprego, garantem a sua sobrevivência e que são escolhidos por Deus), as denúncias e entrevistas com manchetes em letras garrafais todos os dias nos jornais garantiram ao Clério uma vaga como Deputado Estadual, na Assembléia Legislativa.
Em agosto de 1977, o juiz Hilton Silly mandou prender Dante Michelini e seu filho Dantinho e o Paulinho Helal. Em outubro, do mesmo ano, foram liberados. Em 1980, foram então julgados e condenados, porém a decisão foi anulada. Em 1991, em novo julgamento, os réus foram absolvidos quando o advogado Paulo Barros solicitou como testemunhas a mãe de Araceli, D. Lola Cabrero Crespo, e o então deputado Clério Falcão. E não precisou explanar, nem discutir muito. A D. Lola fugiu para a Bolívia e nunca mais se soube dela, porque em nenhum momento foi esquecido que a maior culpada na tragédia foi ela mesma, que se contradisse algumas vezes, inclusive em relação ao marido; com quem vivia muito mal. E pela sua comprovação como vendedora de drogas.Quanto ao Clério, o xeque-mate foi a seguinte pergunta: “Senhor Clério Falcão, quem matou Araceli”? O deputado, que era muito estabanado, rindo muito e gesticulando, virou-se para o juiz e disse: “O doutor Paulo só pode estar brincando. Todo mundo sabe, já saiu em todos os jornais do mundo, e ele quer que eu responda isso”? Ali, terminou o julgamento de um dos mais bárbaros crimes da história no ES, com absolvição dos réus.
Entretanto, além da destruição moral, em especial, a crueldade com a família Helal, formada de pessoas idôneas, trabalhadoras e queridíssimas, que era a maior referência no comércio do Estado, tendo uma grande loja de departamentos na Praça Costa Pereira e dos primeiros investidores na hotelaria, perderam praticamente tudo, ficaram marcados grosseiramente. E se assim foi, que pelo menos possa servir de exemplo que qualquer julgamento prévio e leviano certamente causará ruínas às pessoas inocentes. E não custa lembrar que até você, numa das rodas da vida, seja escolhido como réu sem chances de defesa. E aqui talvez seja possível não livrar-se do julgamento dos homens, mas o melhor mesmo é não temer o julgamento de Deus.
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Ridiculo (2)