Tanto de meu estado me acho incerto,
Que em vivo ardor tremendo estou de frio;
Sem causa, justamente choro e rio,
O mundo todo abarco e nada aperto.
É tudo quanto sinto, um desconcerto;
Da alma um fogo me sai, da vista um rio;
Agora espero, agora desconfio,
Agora desvario, agora acerto.
Estando em terra, chego ao Céu voando;
Numa hora acho ml anos, e é jeito
Que em mil anos não posso achar uma hora.
Se me pergunta alguém por que assim ando,
Respondo que não sei; porém suspeito
Que só porque vos vi, minha Senhora.
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Na primeira estrofe, o eu-poético confessa que está confuso, inseguro, temperamental, querendo entender e participar das coisas, mas se vendo, talvez até pelo excesso de seu ímpeto em descontrole, delas excluído.
Então no infeliz amante só recrudesce esta sensação de desarranjo, transtorno, desarmonia, como se de dentro de si saíssem as labaredas de seu "sentir afogueado", sequioso de plenas emoções; e dos olhos brotasse um caudaloso manancial de lágrimas incontidas (1º- e 2º- versos da 2ª- estrofe).
Entrementes, ao mesmo tempo esperançoso e descrente, o personagem vacila entre a prudência e o delírio (célebres contraditoriedades Camonianas).
Tanto que a imaginação o guinde ao Céu, em segundos e, neste torvelinho de emoções, consiga ele viver 1.000 anos em somente 60 minutos; mas, por outro lado, também, vivesse ele os mesmos mil anos idealizados e não conseguiria realizar a suprema ventura consumida em uma única hora do êxtase experimentado!
E, àqueles que, porventura lhe interroguem a razão de assim proceder, o personagem-poeta lhes replica que ignora, conjeturando, apenas, que tal desarranjo interior, acompanhado deste profundo encantamento da alma tem apenas uma causa concreta, conquanto somente por ele pressentida: a visão de sua casta e idolatrada (fruto de seu "platonismo") amada, naturalmente associada a todo o imaginário de beleza e arrebatamento que ela lhe inspira! (dois tercetos finais).
Abração, amigo!
Oi amigo
Nosso amigo Camões estava apaixonado...sentindo-se nas nuvens...um fogo queimando por dentro...outras vezes as mãos geladas....
Pensamentos em devaneios....as horas perdem os sentidos...
Tudo isso por uma bela senhora...
Gde abraço
Eclipse
Esse poema, assim como outro muito famoso de Camões (amor é fogo que arde sem se ver), é marcado por muitas antíteses (figura de linguagem que consiste na exposição de idéias opostas):
"ardor x frio" (calor e frio)
"choro x rio" (tristeza e alegria)
" o mundo todo abarco e nada aperto" (contentamento x descontentamento diante da vida)
Depois, descobrimos que esse estado no qual o eu lírico se encontra, está associado à paixão que sente por uma senhora, comportamento típico dos enamorados.
Eia não sei bem... mas pela última frase "Que só porque vos vi, minha Senhora." diria que o homem está caído por uma senhora, então isso aí será um poema de amor. "Que em vivo ardor tremendo estou de frio" ; "Sem causa, justamente choro e rio", só o amor para pôr um cara assim :D
Pelo seu amor por ela, ele ficou assim, inquieto e ansioso :S Estou inventando um pouco eheh :)
a única coisa que eu sei é que é um soneto pois é formado por dois quartetos e dois tercetos.