Acho que Clarice Lispector queria que o leitor imaginasse um final para a história.Que tal este final:
A quinta história
A quinta história chama-se "Leibniz e a transcendência de amor na Polinésia". Começa assim: queixei-me de baratas. Vai até a noite seguinte. Repito o mesmo ritual. Desta vez, fico acordada para observar as baratas. Surgem duas ou três. Achava que vinham mais. De repente é o horário, de repente é muito cedo. Uma delas chega ao lado do meu pé. Tão acostumada que estou com sua visita noturna já não corro mais aos prantos como antigamente. Observo-a. Ela me implora para não deixá-la morrer. A barata me olha. Percebo o ato cruel que estou cometendo. Ela sai de perto de mim e vai de encontro ao veneno. Não faça isso! eu penso. E, como se lesse meus pensamentos, ela recua, duvidosa. Encosta-se na parede e fica ali por um momento. Depois, examina toda a área do veneno, avança, recua, avança, recua. Leibniz, o filósofo matemático, questionava se todas as criaturas avançam sempre ou se existem também aquelas que perdem e recuam sempre. Que destino teria esta barata? Decido chamá-la Leibniz. Perdida em meus pensamentos, não percebi que Leibniz estava comendo o veneno. Leibniz, apaixonei-me por você. Apaixonei-me por sua história que nem conhecia. Leibniz virou estátua, assim como as outras. Eu amo aquela barata. Coloco Leibniz dentro de um pote de vidro comprado na Polinésia. Ficou bonito ao lado do boneco de neve. Amei a viagem à Polinésia. Mas amo muito mais Leibniz, cinzento e seu casco duro como pedra. É a pior noite da minha vida. Morreu um pedaço dentro de mim junto com Leibniz. Das histórias anteriores, o galo cantou.
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Acho que Clarice Lispector queria que o leitor imaginasse um final para a história.Que tal este final:
A quinta história
A quinta história chama-se "Leibniz e a transcendência de amor na Polinésia". Começa assim: queixei-me de baratas. Vai até a noite seguinte. Repito o mesmo ritual. Desta vez, fico acordada para observar as baratas. Surgem duas ou três. Achava que vinham mais. De repente é o horário, de repente é muito cedo. Uma delas chega ao lado do meu pé. Tão acostumada que estou com sua visita noturna já não corro mais aos prantos como antigamente. Observo-a. Ela me implora para não deixá-la morrer. A barata me olha. Percebo o ato cruel que estou cometendo. Ela sai de perto de mim e vai de encontro ao veneno. Não faça isso! eu penso. E, como se lesse meus pensamentos, ela recua, duvidosa. Encosta-se na parede e fica ali por um momento. Depois, examina toda a área do veneno, avança, recua, avança, recua. Leibniz, o filósofo matemático, questionava se todas as criaturas avançam sempre ou se existem também aquelas que perdem e recuam sempre. Que destino teria esta barata? Decido chamá-la Leibniz. Perdida em meus pensamentos, não percebi que Leibniz estava comendo o veneno. Leibniz, apaixonei-me por você. Apaixonei-me por sua história que nem conhecia. Leibniz virou estátua, assim como as outras. Eu amo aquela barata. Coloco Leibniz dentro de um pote de vidro comprado na Polinésia. Ficou bonito ao lado do boneco de neve. Amei a viagem à Polinésia. Mas amo muito mais Leibniz, cinzento e seu casco duro como pedra. É a pior noite da minha vida. Morreu um pedaço dentro de mim junto com Leibniz. Das histórias anteriores, o galo cantou.
Leia um comentário aqui ...
http://sinestesiacerebral.blogspot.com/2009/05/qui...
... e aqui ...
http://seer.fclar.unesp.br/itinerarios/article/vie...
(pág. 3)
e aqui o conto ...http://www.quemtemsedevenha.com.br/quinta_historia...
Boa sorte !